domingo, 17 de abril de 2011

"Deixe-o ir"


imagem: Ana Oliveira
Ela vestia um vestido rosa e caminhava de cabelos soltos por um lugar que não sabe direito onde fica. Era um lugar amplo, cheio de salas vazias, distribuídas em um imenso corredor por onde ela avançava devagar em direção à voz que lhe chamava. Se distraiu olhando as cores que os raios de sol faziam no mosaico de uma janela, quando ouviu Ele a lhe chamar.
- Perpétua? - ele disse.
Olhou para trás e viu a figura dele diante de seus olhos.
Ele sorriu. Tentou se aproximar mas desta vez foi ela quem deu um passo para trás.
E outro..e outro..e mais outro...
Não retribuiu o sorriso. Deu as costas para Ele e continuou a andar por aquele corredor vazio. Ele ainda lhe chamou mais uma vez. Mas ela continuou a seguir em frente. Deixando para trás um Apanhador já sem brilho algum.
...
Acordou no meio da noite com o coração apertado. Lutando para que as lágrimas não voltassem a passear pelo seu rosto.
Não voltaram. A dor que vinha de dentro maltratava seu coração, mas ela aguentou.
Aguentou firme.
Blindado o coração dela está. Blindado contra a dor.


"É roxo o amor.
De amoras, não de dor."
Adélia Prado.

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