
Ali, de longe, o soldadinho de chumbo observava a bailarina.
Seu peito se enchia de felicidade todas as vezes que com ela encontrava. Ele não era corajoso o bastante para dizer a ela tudo que carregava no coração, então, ficava calado, admirando a beleza daquela bailarina que tanto o encantava.
O soldadinho de chumbo sabe que talvez aquela bailarina nunca fosse lhe retribuir o olhar. Afinal, como poderia uma bailarina tão linda se apaixonar por um soldadinho de uma perna só? "Não, ela não olharia para ele de uma forma diferente", concluia o soldadinho.
Ela era graciosa. Tinha lindos olhos. E chamava a atenção de todos. Alguns mais afortunados conseguiam arrancar olhares carinhosos da bailarina, mas ele nunca havia sido notado de uma forma especial.
A bailarina preferia soldadinhos fortes, elegantes e corajosos.
O soldadinho de chumbo sabia que seu amor pela bailarina era verdadeiro, mas não tinha coragem de assumir o que sentia. Preferia ocultar o sentimento à confessá-lo e arriscar perder o pouco que tinha.
"Não suportaria não poder mais nem observá-la de longe", pensava o soldadinho.
Pensando nisso, o soldadinho continuava calado, e continua até hoje.
Todos os dias ele vê a linda bailarina. Seu coração dispara e se enche de alegria por ela lhe oferecer um sorriso amigo, mas sincero. Ele admira a bailarina cada vez mais, e sabe, que talvez ela nunca saiba o que ele carrega no coração. Ele se entristece por não poder tê-la, por não poder expulsar todo o amor de dentro dele e poder entregá-lo a ela, mas talvez assim seja melhor, pensa o soldadinho, talvez aquela linda bailarina tenha cruzado seu caminho apenas para que ele pudesse observá-la de longe...